sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
AINDA A FESTA
Do meu conterrâneo Ferreira Gullar:
ANO NOVO
'Meia-noite.
Fim de um ano, início
de outro.
Olho o céu:
nenhum indício.
Olho o céu:
o abismo vence o
olhar.
O mesmo espantoso silêncio
da Via-Láctea feito um ectoplasma
sobre a minha cabeça:
nada ali indica
que um ano novo começa.
E não começa
nem no céu nem no chão do planeta:
começa no coração.
Começa como a esperança de vida melhor
que entre os astros não se escuta
nem se vê
nem pode haver:
que isso é coisa de homem
esse bicho estelar
que sonha (e luta).'
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Um comentário:
Não há lugar de começo nem de fim.
Nada existe q não esteja dentro de nós, desde sempre, aqui e agora. Tudo começa com o SILÊNCIO. Ele aponta a direção da PAZ, ao menos é o q dizem os doutos. Não cheguei nesse estágio. Sou ruidosa, falastrona e enquanto não me aquieto, penso seriamente em carregar na bolsa um rolo de fita crepe, dos largos, para passar em volta da minha grande boca e me poupar de muitos dissabores...
Seguindo o conselho do poeta, em 2010, na esperança de vida melhor,
de bicho que sonha e luta, vou tentar silêncio e paz... (mas, em doses módicas, não sou de ferro e amo gargalhar!!!)
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