terça-feira, 12 de janeiro de 2010

UMA CAIXA DE MÚSICA

Assisti há poucos dias um filme suave. Uma amiga suave mo indicou: Almoço em Agosto (Pranzo di Ferragosto).

O enredo não consumiu mais do que duas laudas do autor: um filho e sua mãe idosa dividem um apartamento na Roma contemporânea. O dinheiro está na ponta do lenço e eles se veem na obrigação de acolher outras três senhoras na mesma faixa da mama, por uma noite. Contabilizam rapidamente suas perdas e ganhos, e resolvem encarar; eram poucas as alternativas.

Ao final da exibição, a primeira sensação que tive foi de estar exposto a uma aragem refrescante. O filme prima pela simplicidade e delicadeza que, aliás, costumam caminhar de braços dados - às antigas. Acompanhamos, em pouco mais de uma hora de narrativa, a quebra de conceitos viciados, que delimitam (escravizando) infância, juventude, maturidade e velhice, como entidades estanques.

Não é de hoje que procuro demonstrar que deve haver (e HÁ) um constante movimento de cá para lá, e vice-versa, desafiando os nossos métodos de contar o tempo – e adjetivá-lo.
Fico sempre incomodado quando ouço comentários do tipo ‘criança é assim...’, ‘velho é assado’, ‘jovem é deste jeito mesmo...’
Nos esquecemos que somos uma corda esticada sobre o abismo e toda ela somos nós. Com direito a nos movimentarmos à vontade por toda a sua extensão. Livres, por favor.

O comportamento de todas aquelas personagens, pelo tempo que nos é dado observá-las, nos vêm lembrar que, de mamando a caducando, somos todos ávidos de vida.

Simples. Como fogo.

2 comentários:

Maria Helena disse...

Este filme tb me encantou, especialmente pela naturalidade com que tudo se dá.
O filho me pareceu uma pessoa tão pacífica.

Ricardo disse...

Poeta os antigos bem antigos ficavam de forma diferente neste tempo que nos é dado?
Isto é coisa do fim dos tempos?
As categorias não cabem neste tempo ou nunca couberam vai saber