quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

PESSOA

Foi logo cedo, enquanto caminhava com Bento neste verão sem sol, que Pessoa - ele, outra vez - apareceu de repente:

'Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser'.

Pois bem. Aí está.

3 comentários:

Dom disse...

E, de repente vem dele a resposta:

"Sossega coração, não desesperes
Talvéz um dia, para além dos dias
Encontres o que queres porque o queres
Então livre de falsas nostalgias
Atingiras a perfeição de seres

Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo
Pobre esperança a de existir somente
Como quem passe a mão pelo cabelo
E em sí se sente diferente
Como faz mal ao sonho o concebê-lo

Sossega coração, contudo!
O sossego não quer razão nem causa
Quer só a noite plácida e enorme
A grande, universal, solene pausa
Antes que tudo em tudo se transforme".

Santana filho disse...

Caro Dom, vc é fundamental.
Em ano de Copa do Mundo sua convocação é garantida. É que esta capacidade de pegar a bola, dar olé e fazer o gol é digna do Ronaldo dos bons tempos.

Saudações jubilosas!!!

Unknown disse...

Há momentos em que a única coisa a fazer é esperar. O Eclesiastes nos fala de todos os tempos. Não menciona que entre um e outro há o tempo da espera. Às vezes, tudo o que se requer é manter-se simplesmente atento e paciente.É um período repleto de mistério, como as horas que antecedem o amanhecer.